Com a utilização de cripto moedas, a agência da ONU dedicada à infância contorna os custos de transações financeiras entre continentes e aumenta a transparência financeira das suas operações. O recém-criado fundo de cripto moedas da organização é o mais recente sinal do seu esforço em adotar a tecnologia blockchain que, potencialmente, poderá via a revolucionar os donativos a instituições sem fins lucrativos.
Vantagens e desvantagens
Estas moedas virtuais, que podem ser depois convertidas em dinheiro real, não estão ligadas a nenhum país ou autoridade central em particular. A sua transação assenta e é mantida por uma rede descentralizada de computadores. Às vantagens de poderem contornar custos de transações, especialmente entre grandes distâncias e contribuírem para operações mais claras, há quem contraponha as desvantagens do seu preço ser ainda muito flutuante e serem utilizadas (também) no âmbito de atividades ilícitas, como a lavagem de dinheiro ou tráfico de droga.
Preparativos para o futuro
Christopher Fabian, o consultor responsável pela inovação da Unicef, explica que a iniciativa vai preparar a organização para o futuro, mas serão mantidas ainda as salvaguardas disponibilizadas pelos seus atuais sistemas de angariação de donativos. “Vemos isto como uma aprendizagem pela qual temos de passar, para nos prepararmos para a próxima década”, referiu.
Com as cripto moedas é mais fácil identificar quem são os doadores das organizações sem fins lucrativos e passa a ser possível estes passarem também a saber como o seu dinheiro é usado. Segundo Fabien, “há mais velocidade e eficiência”.
Este responsável explica ainda que para reduzir os riscos da volatilidade do seu custo, numa primeira fase as cripto moedas só serão usadas em projetos de curto prazo. Adiantou ainda que serão reforçados os protocolos existentes com os atuais doadores da organização, que assegurarão que aqueles que fazem donativos online passam por um rigoroso controlo antes de poderem depositar fundos na Unicef.
Uma tendência progressiva
Recorde-se que nos últimos anos têm surgido inúmeras cripto moedas – até o Facebook criou uma, a Libra, em 2019 – e tem crescido o interesse por esta tecnologia no setor da filantropia, o que levou ao aparecimento de soluções específicas para esta área, como a AidCoin and Pinkcoin. No entanto a sua adoção não tem sido tão rápida como inicialmente esperado.
A Unicef junta-se agora a outras organizações sem fins lucrativos, como a Cruz Vermelha dos Estados Unidos ou o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas na utilização desta tecnologia.
*Este texto foi adaptado de um artigo do Jornal Guardian.