Na sala pequenina do Porto onde me aguardava a equipa inteira de uma IPSS local, as perguntas sucediam-se: O que é que acha do nosso site? Porque é que não temos mais seguidores nas redes sociais? Esta imagem serve? Como podemos aumentar as consignações do IRS? E finalmente o desabafo do responsável durante o café do intervalo, “temos pouco tempo e o que se gasta na comunicação muitas vezes não compensa. Não me leve a mal, gostávamos muito de esquecer este assunto da comunicação, mas sabemos que não é por aí”. 

No final desse dia, o rumo do meu trabalho mudou-se para o setor não lucrativo. Estava habituada a lidar com o pedido frequente que todos os profissionais de comunicação bem conhecem: transformar assuntos menores em bons conteúdos, mas ali pediam-me exatamente o contrário. Havia um assunto excelente: uma comunidade inteira transformada pelo impacto da missão daquela entidade, mas ninguém fazia a menor ideia sobre como o comunicar.

A experiência de 30 anos que fui acumulando na indústria dos media, na qual pude trabalhar em praticamente todas as áreas (exceto futebol), era um bom ponto de partida. O resto aconteceu com meia dúzia de encontros fabulosos e inspiradores que atravessaram o meu trabalho dentro e fora de Portugal, com a mania de dar um propósito (como se diz agora) ao que sei fazer e com mais algumas coincidências felizes. 

Começaram por me ajudar a Tatiana, a Marina, o David, o Paulo, o Diogo e a Teresa, que estrearam um rol de colaborações que se tornou imparável. Umas vêm de perto, outras chegam remotamente de contactos que vou colecionando noutros países. Todas constituem esta coligação de pessoas que, na sua grande diversidade de talentos, perfis e geografias, estão a fazer a mesma descoberta que eu fiz naquele dia, na tal salinha do Porto.