Podemos definir esta tecnologia como “qualquer coisa feita por um computador, que dispensa a inteligência humana, de outra forma necessária”. A inteligência artificial (IA) é uma disciplina da ciência da computação, como a análise de dados ou o machine learning. Permite aumentar a eficiência e escalar os impactos de uma organização, fazendo mais com menos.
A dar os primeiros passos
Mas o seu carater emergente levanta ainda muitas questões. Irá extinguir os empregos humanos? Melhorará automaticamente todos os produtos e serviços? Aumenta a competitividade? Fará mais bem do que mal? Vamos poder usa-la para salvar vidas?
À medida que esta área se desenvolve, as várias industrias tentam compreender como podem vir a ser afetadas.
No setor social o investimento em tecnologia não é tradicionalmente uma prioridade. Mas muitas organizações estão já a explorar as potenciais vantagens destas soluções tecnológicas de última geração.
O que já está a mudar
E há resultados muito positivos nas áreas de controlo de custos, gestão de operações ou automação de rotinas. Os colaboradores e voluntários agradecem e ficam com mais tempo disponível para outro tipo de funções que valorizam mais.
A transparência financeira das organizações, essencial para gerar confiança e uma boa reputação a prazo, é outra área onde a IA se começa a afirmar, através de produtos assentes, por exemplo, na tecnologia Blockchain. E o mesmo está a acontecer com novas ferramentas de fundraising que, recorrendo a softwares de análise preditiva, conseguem escalar e levar a níveis inéditos de personalização, a relação com os doadores.
Ir (muito) mais longe na comunicação e marketing
Ainda na comunicação, a possibilidade de segmentar e ajustar conteúdos a cada público alvo, ou mesmo a cada pessoa, reforça consideravelmente a relação com cada marca. Por exemplo, uma newsletter igual para toda a gente passa a ser uma coisa do passado. Campanhas baseadas em IA fazem chegar a mensagem certa a cada utilizador, no melhor momento, conseguindo níveis ímpares de atenção.
Comunicar em tempo real, 24 horas por dia, usando chatbots começa a ser também já habitual em alguns países. Estas plataformas de mensagens, que podem ser incluídas num site, são programadas para interagir com o público com objetivos específicos. De uma forma alinhada com o branding de cada organização, permitem gerir donativos, a adesão de novos membros ou quaisquer outras tarefas previsíveis.
Histórias embrulhadas em Inteligência Artificial
O nosso chatbot preferido chama-se Yeshy e é um bom exemplo da humanização da tecnologia. Assente em storytelling, esta ferramenta chama a atenção para a crise de água que se faz sentir na Etiópia. A partir do messenger do Facebook, podemos acompanhar a jornada diária de uma rapariguinha local – Yeshy – para ir buscar água. Ela representa milhões de outras jovens africanas que têm de caminhar muitas horas por dia para ter água. Caminhando com ela, a partir de qualquer lugar, podemos ouvir os seus passos, a música da sua aldeia e a sabedoria que lhe vem dos seus esforços. E podemos contribuir para melhorar esta situação.
Um novo patamar para muitas missões
Mas muitas outras causas estão a usar também a IA para aumentar resultados e impactos. Deixamos alguns exemplos.
A Children’s Society passou a usar uma ferramenta de tradução simultânea que ajuda a manter reservado o trabalho com migrantes, vitimas de tráfico humano. A presença de um tradutor estranho é dispensada. E aumentam os níveis de confiança com os técnicos, facilitando assim o seu trabalho.
A PATH, uma das principais organizações que combate a malária a nível global deixou de recolher e registar dados manualmente e passou a usar uma tecnologia instalada em telemóveis, que faz o upload e partilha dados sobre a doença, em tempo real e a partir de qualquer ponto do planeta. A nova abordagem ajudou a diminuir em 90% as taxas de mortalidade em crianças com menos de 5 anos.
O Royal National Institute of Blind People ensina cegos ou pessoas com baixa visão a navegar na internet usando as colunas da Amazon Echo, que funcionam acionadas por voz.
E as organizações que trabalham com alterações climáticas e a gestão de recursos escassos podem recorrer hoje ao portal da Microsoft AIForEarth, onde encontram várias ferramentas baseadas em inteligência artificial. O objetivo é disponibilizar estes recursos e conhecimento, para ajudar a criar soluções que possam ser depois escaláveis em novas geografias.
Manter a tecnologia ao serviço das pessoas
Os exemplos são já incontáveis. Levam-nos a pensar que – bem usada – a IA pode ser um instrumento inédito de mudanças positivas de todo o tipo. Com objetivos concretos, foco nas pessoas (e não nos algoritmos) e ética, a IA poderá trazer muitas boas notícias no futuro.
Aqui ficam algumas ideias sobre como podemos mante-la “honesta” e com resultados a nosso favor.